quarta-feira, 6 de abril de 2011

Novo Tempo (Bela Ferreira)

Que venha o novo tempo, de fazer e não fazer, de lembrar e esquecer
O novo tempo de planejar, para não se ferrar e desplanejar para não se ferrar do mesmo jeito.
Que venha o novo tempo, onde o coração acelera a cada passo desconhecido
onde os olhos se encantam com cada forma, por muitos não vistas.
Um tempo de apertar outras mãos,que são conhecidas por outros
E agora por você também.
Tempos de risos e de medos, e como sempre; tempo de aprender.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A vida verdadeira

Pois aqui está minha vida
Pronta para ser usada
Vida que não se guarda
nem se esquiva, assustada.
Vida sempre a serviço 
da vida
Para servir ao que vale
a pena e o preço do amor.
Ainda que o gesto me doa,
Não encolho a mão: avanço
Levanto um ramo de sol.
Mesmo enrolada em pó,
Dentro da noite mais fria,
A vida que vai comigo
é fogo: 
está sempre acesa
Vem da terra dos barrancos
O jeito doce e violento
Da minha vida: esse gosto
Da água negra transparente.
A vida vai no meu peito
mas é quem vai me levando: 
tição ardente velando, 
girassol na escuridão.
Carrego um grito que cresce
Cada vez mais na garganta,
Cravando seu travo triste
Na verdade no meu canto.
Canto molhado e barrento
De menino do Amazonas
Que viu a vida crescer
Nos centros da terra firme.
Que sabe a vida da chuva
Pelo estremecer dos verdes
E sabe ler os recados
que chegam na asa do vento.
Mas sabe também o tempo
Da febre e o gosto da fome.
Nas águas da minha infância
Perdi o medo entre os rebojos
Por isso avanço cantando.


Thiago de Mello.